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A "SOBERANIA" FRANCESA "SUBIU" AO CÉU!

Por Marco Sousa

 

Alguns teólogos afirmam que “Se Deus é soberano o homem não pode ter livre-arbítrio”. Como conciliar a soberania de Deus com o livre-arbítrio do homem?

No século XVI, na época da reforma protestante, a ideia do “Direito Divino dos Reis” estava em voga na Europa. Esta teoria teve as suas origens no cesaropapismo bizantino (união entre igreja e estado) e legitimou o absolutismo posterior nos países europeus. O poder do rei era incontestável, o monarca era visto como um representante de Deus para manter a ordem na terra. Logo o termo SOBERANIA seria indexado ao vocabulário do direito civil na Europa. Ao pronunciar o termo o filósofo ou o estudante do direito romano fazia menção à qualidade do rei em relação à nação ou à condição do estado em relação aos indivíduos.

Um tratado sobre a SOBERANIA ABSOLUTA do rei passou a ser sistematizada na França do século XVI, tendo como um dos seus mais destacados teóricos o jurista Jean Bodin (1530-1596), que sustentava que “a soberania do rei é originária, ilimitada, absoluta, perpétua e irresponsável em face de qualquer outro poder temporal ou espiritual”. Jean Bodin foi membro do parlamento francês e contemporâneo de João Calvino (1509-1564). Devido ao seu tratado sobre soberania Bodin é apontado como o pai da ciência política. O famoso pensador teve alguns de seus livros censurados pela inquisição católica por estarem alinhados com o pensamento calvinista, do qual o autor tornou-se simpatizante. Percebe-se que Bodin resumiu de forma clara o sentido que os europeus davam ao termo SOBERANIA quando faziam referência ao rei.

Onde João Calvino entraria nesta história? Qual era a formação de João Calvino? Calvino havia formado em direito. Ele era um exímio entendedor do direito civil romano e um profundo conhecedor da filosofia defendida pelos pensadores de seu tempo, as quais eram as mesmas de Jean Bodin. Assim a reforma religiosa de Calvino não modificou necessariamente a doutrina da SOBERANIA dos reis, mas apenas destacou uma das suas consequências: o monarca por direito divino deveria obedecer a Deus, sob pena de perder sua legitimidade. A SOBERANIA no sentido pleno e irrestrito defendido por Jean Bodin foi atribuída ao DEUS de Abraão, de Isaque e de Jacó. Mas quem a transferiu para Deus? Calvino e os calvinistas posteriores.

Onde estaria o problema da SOBERANIA retirada dos reis europeus e transferida para o Deus de Israel pelo calvinismo? A soberania conhecida pelos europeus era antibíblica, tirânica, saía do sério e margeava a fanfarronice. Esta tolice se encaixa muito bem na história de alguns reis da França e da Inglaterra, mas não se encaixa no perfil do Deus de Israel, que a propósito nunca se comportou como os tiranos europeus, mas sempre se responsabilizou com o rumo da história do ser humano, como também lhe delegou responsabilidades e atribuiu-lhe o livre-arbítrio.

São, no mínimo, estranhas e antibíblicas as alegações de João Calvino nas “Institutas da Religião Cristã” onde diz claramente que Deus decretou a queda do homem e teve prazer nisto. O mestre dos calvinistas contrariou toda a narrativa bíblica do Gênesis ao Apocalipse para fazer valer a sua teoria. Se a ideia de Calvino for levada em conta, o cristão terá que admitir que quando Deus proibiu a Adão e Eva de comerem do fruto de determinada arvore, ELE estaria praticando o primeiro teatro da história da humanidade e estaria lançando no mundo aquele defeito humano que conhecemos pelo nome de HIPOCRISIA. Isto não tem nada a ver com o caráter de Deus descrito em toda a Bíblia Sagrada. Vejamos o exemplo do texto de Tiago 1:13,16-17, que descreve a personalidade de Deus. Parece que Calvino e Tiago serviram a divindades diferentes.

O caro leitor certamente dirá: - Mas Jonathan Edwards, George Whitefield e Charles Spurgeon foram calvinistas. - E eu lhe responderei que estes homens de Deus tiveram as suas grandes virtudes, mas também tiveram os seus defeitos (todo homem tem defeitos). Spurgeon, Whitefield e Edwards não morreram na cruz para me salvar e portanto não podem comparecer no tribunal de cristo em meu lugar. Confira em II Coríntios 5:10 e Romanos 14:10-12. Note que estes textos referem-se à Igreja como um todo e inclusive o apóstolo Paulo também comparecerá diante de Cristo. Ciente destas coisas eu poderei imitar os apóstolos de Cristo no que tange a fidelidade deles diante do Senhor, mas não poderei negar a Cristo para imitar o apóstolo que a igreja romana atribuiu o título de chefe da igreja e também não poderei imitar o príncipe dos pregadores (Spurgeon), naquilo que ele contradiz a Bíblia Sagrada. Spurgeon e Edwards não salvam ninguém, Jesus Cristo salva.

Deus é SOBERANO, AMOROSO, LONGÂNIMO, SANTO, JUSTO E VERDADEIRO e todos estes atributos somam-se formando o maravilhoso caráter do Senhor Jeová. Quando entendemos estes atributos maravilhosos de Deus, o livre-arbítrio que ele nos deu não é um problema, mas é o fruto de uma relação de amor entre ELE e o pecador salvo em Jesus, remido pelo sangue da cruz e regenerado pelo Espírito Santo. Um amor correspondido. "Nós o amamos porque ELE nos amou primeiro". A salvação vem Dele!

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! Somos salvos pela graça!

 

Que Deus nos abençoe!

 

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